Cineclube de Telheiras de regresso e gratuito!
Chama-se Cineclube mas responde por muito mais do que isso. Quer abraçar a cultura e ultrapassar fronteiras. Há dança, música e mais. Este ano, está de regresso com um novo fôlego.
Pedro Milheiro tem 28 anos e é a cara do Cineclube de Telheiras. Em 2014, partiu para a Roménia mas deixou o coração no bairro. À distância, continuou a programar. Agora, promete começar com mais força. A estreia é já no dia 6 deste mês.
O Cineclube é o mesmo, garante. “Com a mesma alma e com as mesmas intenções”. Mas há novidades! Espera-se que todos os eventos deste ano sejam gratuitos para “chamar mais gente e dar um pontapé na crise”.
Pedro contou-nos as novidades, desafios e esperanças para esta nova fase.
- Depois de um 2014 à distância, que balanço fazem do ano que passou e da evolução do projecto?
Pouca ou nada mudou. Tivemos algumas alterações a nível logístico, recursos humanos e até dos serviços internos onde desenvolvemos as nossas actividades. Adaptações a que já estamos habituados. O Cineclube de Telheiras continua a ser o mesmo, com a mesma alma e com as mesmas intenções. Prevemos evolução no ano decorrente.
- Como funcionou a programação, tendo em conta os quilómetros que separam Telheiras e Bucareste?
A maior parte do trabalho realizado, isto é, preparação, organização e programação, decorre junto de computadores, internet, email, etc.
Portanto, foi e continua a ser relativamente fácil programar junto das entidades com quem desenvolvemos actividades culturais. E estas entidades sabiam previamente da minha vinda para Bucareste e da minha intenção em dar continuidade ao projecto, mesmo estando longe. E a internet encurta as distâncias e dá-nos acesso à informação mais rapidamente.
- Sendo um cineclube por definição um projecto essencialmente centrado no cinema, que explicação apresentam para que muitas das actividades que programam não terem como base ou núcleo o cinema?
O facto de sermos um cineclube não significa que nos foquemos apenas em programação cinematográfica. E isso distingue o Cineclube de Telheiras dos restantes activos. Aliás, nós abraçamos tudo o que diz respeito a cultura. Temos outras paixões para além do cinema.
Por outro lado, é-nos mais fácil desenvolver outras actividades. Com um concerto, por exemplo, não temos tantos custos.
- Quais são os principais desafios ou dificuldades do projecto?
Os desafios são ao nível financeiro principalmente. Por vezes, vemo-nos impossibilitados de programarmos algo que gostaríamos muito de ver, seja cinema, música ou dança. Contudo, é sempre um desafio. E no fundo o artista tem de ser um criador e dadas estas dificuldades, vemo-nos obrigados a pensar e a criar soluções.
- Qual é a importância do cineclube para Telheiras e para os telheirenses?
Nem todos os bairros se podem vangloriar da existência de um cineclube. Ter cinema e outras actividades à porta de casa não é para todos. Deste modo, considero os telheirenses uns privilegiados, não apenas pela existência do cineclube, mas por todas as companhias e entidades que por cá passam. Damos a conhecer espectáculos e obras que não existem nas grandes salas. É este universo cultural paralelo o nosso principal foco.
- Quais são os planos para esta nova fase?
Pretendemos que todos os eventos sejam gratuitos, de modo a atrairmos mais espectadores. Também já estamos a trabalhar num intercâmbio cultural entre a Roménia e Portugal e vice-versa. Coisas boas virão certamente.
- Qual é a grande ambição ou desejo do Cineclube de Telheiras para 2015?
Na verdade, não temos. Procuramos não criar expectativas para não nos desiludirmos. O que será, será! Mas o nosso principal foco neste momento é a realização do intercâmbio entre os dois países.
- O que falta para que o Cineclube de Telheiras se torne ainda mais aquilo que idealizaram quando começaram?
Quando iniciámos este projecto, tínhamos como principal fim dar a conhecer obras e artistas às quais o comum dos mortais não tem acesso. Espectáculos que não passam nas grandes salas e artistas que consideramos promissores e de qualidade. No fundo, fomos e somos uma rampa de lançamento cultural. Encho-me de orgulho sempre que vejo um artista que passou por nós em grandes palcos, em grandes salas ou mesmo na televisão ou na radio. Este é e sempre será o propósito da existência do Cineclube de Telheiras. Uma programação vocacionada para o espectador, de pessoas, com pessoas, para pessoas.
Já na próxima sexta-feira, o Cineclube regressa com A Ferro e Fogo + Mar Fechado. Às 21:30 no auditório da Biblioteca Orlando Ribeiro! A entrada é gratuita! Não há razão para perder!
Entretanto, recorde alguns dos momentos que marcaram a história do Cineclube de Telheiras!
Fotografias do Cineclube de Telheiras