
PQ. Centro Comunitário de Telheiras: uma casa de portas abertas a todos
O Centro Comunitário de Telheiras pertence à Parceria Local de Telheiras. Durante duas semanas, está em destaque. É o Parceiro da Quinzena. Conheça o bairro e as pessoas que lhe dão vida!
É terça-feira. No edifício cinzento que dá as costas ao posto dos correios, há magia a acontecer. Quando se passa da porta (sempre aberta), há crianças e seniores – como lhes chamam – alegres e cheias de entusiasmo. Juntos, crescem em ideias e projectos. É o Telheiras UP a funcionar. O edifício grande e cinzento chama-se Centro Comunitário de Telheiras. E é assim – como o nome diz – que quer ser lembrado: um centro da comunidade, para a comunidade. Para novos e velhos. Para todos.
Construído em 1986 pela Segurança Social, o Centro Comunitário passou definitivamente para as mãos da Santa Casa da Misericórdia há dois anos. As valências são as mesmas: é um centro de dia (mas quer esquecer para sempre a conotação negativa do termo), um centro de convívio, tem residência assistida e quer ser um motor de intervenção comunitária.
Aqui não se fica sentado à espera dos dias que já não vêm. São muitos os que fazem da casa um lugar onde se quer voltar. O senhor Zé Maria, de suspensórios e a sorrir. A dona Rosário, sempre distinta e elegante. A dona Fátima, que não se cansa de encher a casa de flores. “Se não for eu…”, suspira. A dona Adélia, a recepcionista, sempre disposta a dar duas palavras de simpatia a quem chega. E muitos mais.
Da equipa da casa contam-se uma educadora social, duas ajudantes de lar, um técnico de intervenção comunitária, um motorista, uma recepcionista, uma administrativa e a directora. Mas todos têm nome e fazem da casa aquilo que é: um lugar feliz.
São 72 os seniores que preenchem a lista de utentes. Todos os dias, passam por ali 38. Preferencialmente de Telheiras, mas há outras áreas do Lumiar abrangidas. Os inscritos no Centro de Dia usufruem de transporte, almoço e lanche. O pagamento é feito em função da reforma.
Aqui não se pára. A televisão está sempre ligada mas os dias não são perdidos no sofá. Há crochet, chi-kung, danças japonesas, ginástica, jogos de mesa, intercâmbios, passeios, pintura, cinema, karaoke. E não acaba aqui.
Mas desengane-se quem pense que este é um espaço fechado, onde só entram maiores de 65. Já ouviu falar do GEPE? Do delicioso Sumo da Quinta? Ou das noites de quiz? Parece estar na altura de conhecer.
Teresa Pinho é a directora. Conta da tristeza de ouvir chamar lar ao centro que em tempos foi um espaço da comunidade. São muitos os jovens do bairro que o recordam como o lugar das aulas de música da infância.
A porta continua sempre aberta para projectos da comunidade. A ideia é tornar o lugar “uma coisa aberta, dinâmica, evolutiva, que responda às necessidades e que as pessoas se habituem a que seja um espaço da comunidade”, conta Teresa.
O dia vai caindo. É hora da despedida. Antes, uma das crianças alegres define a tarde com uma palavra. Escolhe “parceria”. Parece ter acertado. Há beijinhos para todos e abraços. Na parede, por cima das cabeças, lê-se uma frase a pedir que a completem: “o amor é…”. Muitos já o descreveram com uma palavra. Mas ali já não é preciso falar. Vê-se com muita clareza. O amor é aquilo.
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