Viver Telheiras

Sonhadores vs Realistas: o desequilíbrio necessário

Isto é o da Joana / Abril 8, 2015

São eles, os Sonhadores, nessa sua velocidade do que é preciso aproveitar, que me ensinam a descansar do que “tem de ser”.

Quando era miúda era altamente responsável. Queria desesperadamente aprender a ler para poder saber afinal o que me queriam contar os livros coloridos que a biblioteca me mostrava. Um dia ia no carro e li um placard com tanta naturalidade que deixei o meu pai perplexo e orgulhoso ao mesmo tempo. Puxei por mim até que as letras estivessem sempre casadas, juntas e focadas. Ganhei.

Quando era miúda sabia que objetivo era o meu, para onde ia e onde queria terminar o meu dia. Quando chegava a casa fazia os TPC’s com a minha melhor letra, para poder ir brincar descansadamente a seguir. Sempre tive na ideia que antes da diversão, do descanso, vêm as obrigações. Ainda hoje acredito nesse poder milagroso e saboroso da recompensa merecida. Acredito que, sem aquilo que nos custa, a vitória é menos sentida. Acredito que viver no bem-bom é menos penoso mas também menos memorável.
Só que aquilo em que eu acredito não é regra. E talvez o lugar onde quero chegar não seja já tão simples de descrever porque há tantos objectivos ao mesmo tempo e tantas vitórias merecidas à conta de métodos tão bons como o meu. E que são só menos compreendidos por mim.

A Joana pequena que eu fui fazia os trabalhos com decoro para ter o privilégio de brincar sem um minuto de paragem. Era essa a troca. Era uma vida feita de 1 e 0, A ou B, isto OU aquilo. “Primeiro o que tem de ser para depois ser tudo o que puder ser.”

Apesar de termos crescido, existem ainda os que deixam as obrigações bem no fim da lista. Antes do que se tem de fazer há-de se fazer o que se quer fazer. “E se o mundo acabar amanhã?” Haveremos de ter perdido tempo a fazer o que não queríamos, numa espera sem interesse vivido, sem valor memorável e eterno.
Não é menos responsável pensar assim. Também não tem necessariamente de ser mais alegre, um viver a vida mais capaz. O método da Joana do passado ainda hoje me acompanha inexoravelmente, sem que o consiga mudar. Pelo caminho chegam-me essas pessoas que deixam as decisões para trás das costas, os objectivos incontornáveis num outro nível de preocupação. Tenho aprendido muito com elas. São elas, nessa sua velocidade do que é preciso aproveitar, que me ensinam a descansar do que “tem de ser”.

Alguns de nós são Realistas, outros Sonhadores. Numa vida que se componha de 0’s e 1’s somos afinal bem mais dependentes do equilíbrio dos que nos desequilibram, porque sem eles seríamos uma parte sozinha, com objectivos mas sem brincadeiras, com desprendimento mas sem conclusões.

Joana Martins é especialista em redes sociais e multimédia e vive em Telheiras desde que se lembra. Fala muito e escreve menos do que gostaria. Mas em tudo o que escreve há-de haver sempre um denominador comum: as pessoas.

Isto é o da Joana / Abril 8, 2015

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