Viver Telheiras

Book Crew Telheiras #5 – “Mãe, Doce Mar”, de João Pinto Coelho

/ Abril 21, 2023

Todos os meses, um membro da Book Crew de Telheiras, clube de leitura do nosso bairro, vai dar-nos a conhecer um pouco sobre os livros que têm lido. As imagens que evocam, as sensações que despertam, as histórias que emocionam, os contextos em que surgem, as relações que são criadas com os livros: tudo isso faz parte desta rubrica.

Nesta quinta partilha, Inês Reis fala-nos sobre o livro “Mãe, Doce Mar”, de João Pinto Coelho:

João Pinto Coelho é um dos autores de eleição do nosso clube do livro, todos ficámos emocionados no nosso encontro com o autor pela sua honestidade, pela forma despreocupada mas profunda de explicar o seu processo criativo, a sua história de escrita. E deixou-nos um aviso: “Mãe Doce Mar” é um virar de página, um registo diferente, intimista e largamente autobiográfico.

E logo na primeira frase percebemos que não ficaríamos indiferentes a esta narrativa do JPC.

“Tinha doze anos quando conheci a minha mãe – esta frase dá para tudo, até para abrir um romance.
E, no meu caso, é verdade.”

João Pinto Coelho fala-nos da importância da maternidade e dos afetos que ela traz consigo – “ser mãe é um verbo, de todos o mais regular” – mas também nos fala da imensidão do mar, da sua beleza e tranquilidade por um lado e da sua natureza intempestiva e conturbada por outro, como uma metáfora para os estados de espírito das personagens.

Confesso que demorei a habituar-me a esta narrativa, ora lenta ora rápida. Mas quando os pontos começaram a ligar-se, fiquei rendida. Em muitas alturas, descobrimos Noah, Frank e Patience com o coração pesado. Cada personagem com um capítulo próprio que revela momentos importantes das suas vidas e que, no final, se encaixam de forma surpreendente e fascinante.

Começamos com Noah e com ele vamos descobrindo múltiplos fragmentos da sua vida, pedaços soltos que se vão juntando passo a passo. Lentamente, são introduzidas outras personagens que se unem de uma forma interessante, como Patience, mãe de Noah, que ao fim de 12 anos aparece para o recolher do orfanato em que se encontra. 12 anos de silêncio, sem qualquer justificação para o abandono. Vamos entrando na relação deles e percebendo a complexidade humana destes sentimentos. Finalmente, conhecemos Frank, um excêntrico padre jesuíta que conduz um Rolls-Royce, e Catherine, uma senadora da cidade. Que relação têm todos eles?

E de mistério em mistério, no final do livro, o autor revela-nos os segredos da vida das personagens, sem que os leitores mais atentos desconfiem ou estejam perto de os descobrir.

JPC constrói o enredo eximiamente, revelando apenas o essencial para nos manter em suspenso e com vontade de continuar a ler mais. Sendo um romance autobiográfico, não é fácil perceber o que é ficção e o que é real. Não é importante. O que importa é a história, a força e o poder da sua escrita. Uma escrita honesta, extremamente humana, que revela os dramas, o sofrimento, a solidão,…não de um coletivo (como os anteriores livros sobre o Holocausto) mas do “eu”. Este livro é maravilhoso em tudo o que não conta, em tudo o que fica nas entrelinhas, o que não se diz.

“As mães ligam-nos ao mundo, cada vez mais me convenço; perdes a tua, deixas de fazer parte, fica tudo mais hostil.”

Se se quiser juntar à Book Crew de Telheiras, basta enviar mensagem através da página de instagram @book_crew_de_telheiras. Boas leituras!

#5 Mãe, Doce Mar
/ Abril 21, 2023

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