Viver Telheiras

Desculpa, Cosmos, mas tu não sabes nada da Vida

Isto é o da Joana / Março 11, 2015

Talvez seja de mim, mas estou quase certa de que estamos a passar por um momento cósmico estranho. Chego mesmo a acreditar que estamos aninhados numa espécie de alinhamento astral que está a fazer uma limpeza generalizada, mais ou menos dolorosa, na vida de muito boa gente. Mesmo que não sejamos os maiores fãs de astros ou que ignoremos convictamente o tarô, a verdade é que por vezes seria mais fácil para todos se nos rendêssemos a algo de esotérico que explicasse tudo aquilo que incompreensivelmente muda a nossa vida.
Uns chamam-lhe ‘sorte’, outros chamam-lhes ‘melhor assim’ ou ‘mal menor’. Há também quem lhe chame ‘destino’. Qualquer que seja o nome de baptismo, a realidade transforma-se de um minuto para o outro – achamos nós – e depois é tentar segurá-la, presa por fios finos e facilmente quebráveis.

Será que não interpretei os sinais na altura devida?
Onde é que andávamos com a cabeça?
Como é que isto aconteceu?

Não faço ideia de como se contraria o cosmos. Não sei se há uma mezinha capaz de o manipular mas também não sou adepta do vudu. As danças da chuva fazem chover sem no entanto prevenirem que no dia seguinte torne a fazer sol. Ir à igreja deixa de ser opção quando é óbvio que não se mudam memórias por meio de pais-nossos. Visitar o templo é navegar em sons que não tapam os ruídos da rua que nos enchem os ouvidos a maior parte do tempo. E querer saber o futuro pode ser só absolutamente assustador.
Mas entregar os pontos, encolher os ombros, aceitar passivamente, nesse género de “oh, paciência”… Também não sei como se faz. O cansaço pode ser o irmão siamês da mudança e a falta de energia pode ser a justificação para a apatia crónica. Mas merecem menos o meu respeito aqueles que se escondem e se aninham no cosmos sem tentarem lutar pela vida que construíram ou pelo menos sem quererem saber para onde vão a partir de agora.
Por mais que o cosmos nos prenda, por mais que ele tente usar sobre nós essa força sem braços que nos empurra e nos puxa qual marionetas, não há absolutamente nada que nos impeça de querer fazer diferente, de o contrariar e lhe dizer: “Desculpa, Cosmos, mas tu não sabes nada da Vida”.
E sim, há dias em que as forças não existem. Há dias em que ninguém nos salva. Há dias em que acordar é um martírio e em que adormecer nos traz à memória tudo o que de pior acumulámos em dores e sensações. Há dias terríveis.
E depois há dias de sol. Há dias de calor maior na pele, que nos queima ao de leve o nariz e nos faz ressuscitar. Somos um povo que não tem por que ser ludibriado pelo Cosmos nem pelo ‘mal menor’. Somos um povo que não tem por que ser conformado. Somos um povo de luta e de coragem.
É só preciso vontade para seguir viagem. Toma lá, Cosmos!

 

Joana Martins é especialista em redes sociais e multimédia e vive em Telheiras desde que se lembra. Fala muito e escreve menos do que gostaria. Mas em tudo o que escreve há-de haver sempre um denominador comum: as pessoas.

Isto é o da Joana / Março 11, 2015

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