
Lisboa e os seus contrastes
A vida em Lisboa está tranquila. Olho como as pessoas caminham, passeiam, moram… O calor tem uma imensa calma nas pessoas, gostamos de descansar, de não apressar, da tranquilidade do tempo… Parece que tudo vai num momento mais lento, até os animais…
Lisboa é uma cidade que desperta muita cultura, toda ela é cultura. A gente que caminha pelas ruas, os próprios edifícios, as lojas, tem um mistura de aroma a novo e velho. Gosto de desfrutar em solidão desta cidade, das suas ruas cheias de tempo passado, de música. Gosto.
Gosto de olhar para as pessoas, cada pessoa embeleza a cidade, cada cultura, integram a convivência que enriquece Lisboa. E isto é o que se percebe nas mesmas ruas, nas mesmas atividades que decorrem em cada recanto do bairro. A semana da Angola, a semana do Brasil, o dia do jazz,…
Mas enquanto isto passa também se percebe essas pessoas esquecidas que vagueiam na cidade como se este movimento não fosse nada com eles… Dormem na rua, mantêm-se bêbedos, ficam indiferentes a olhar o que passa… Fazem parte da cidade como se fossem mais uma parte da infraestrutura, da comunidade. Um contraste ao qual eu não me habituo.
Nestas belas ruas, pergunto-me sempre como deve ser afetado o dia-a-dia na qualidade de vida, tanto a nível social, profissional e pessoal, das pessoas que tenham uma incapacidade física, numa cidade que se percebe ser muito pouco adaptada, cheia de ruas íngremes, pedras e escadas. É estranho que uma capital dum país com tanta cultura, fique como impassível perante isto, deixando em segundo plano as pessoas que fazem Lisboa.
Acho que começo a perceber o que é Lisboa, mas ainda fico passiva olhando o que acontece sem me sentir parte desta terra, que parece próxima da minha terra, mas que é muito diferente do que conheço.
Sonia Nogueira
María é uma jovem do norte de Espanha que colabora com o Centro de Convergência de Telheiras através do Serviço de Voluntariado Europeu. Galega e de coração transatlântico, é educadora social, curiosa e viajante. Depois de morar um ano em Lisboa, cidade que a fez “alfacinha”, passou a trabalhar em diferentes entidades sociais e educativas da Galiza para finalmente voltar a terras lusas através do Serviço de Voluntariado Europeu.
A Sonia é pedagoga e educadora social, natural da Galiza, amante de cães, da praia, de viajar e descobrir o mundo lá fora. Tem trabalhado durante vários anos na área social e agora vem experimentar a realidade lisboeta. É a menina mais sorridente que vão encontrar em Telheiras a conversar com qualquer pessoa!
“De Telheiras para o mundo” é um conjunto de crónicas sobre as suas vivências e reflexões inspiradas no bairro de Telheiras e na cidade de Lisboa.