Regressar à mesma e velha economia…
A intenção da Câmara Municipal de Lisboa de vender o terreno da Quinta Maria Droste para um grande projeto imobiliário e que mobilizou a atenção crítica da A.R.T. abre perspectivas preocupantes para todos os cidadãos interessados numa Lisboa renovada.
Numa cidade como Lisboa com tanta habitação não vendida e não ocupada e com tantas zonas envelhecidas e degradadas estar a insistir em novos projetos imobiliários é o caminho de uma crise futura.
Este tipo de empreendimentos que dá uma resposta de curto prazo às autarquias, faz-se com crédito e normalmente, como se viu no passado recente, envolvendo um elevado e significativo nível do crédito disponível. Deste modo retira-se acesso ao crédito a outras atividades, com mais futuro para o País.
Por outro lado, favorece-se a construção de luxo ou de alta gama e a carteira de investimentos das empresas imobiliárias e outros investidores privados, sem melhorar significativamente a qualidade de vida das cidades.
Ainda, convém não esquecer, que foi este tipo de atividade o grande detonador da grande crise internacional que todos estamos, ainda, a sofrer as consequências.
É verdade que a construção civil é uma grande catalisadora e multiplicadora de outras atividades que fornecem produtos e serviços a esta. Todavia este processo não pode ter a jusante uma atividade de menor prioridade para o País, como seja um stock excessivo de habitações, escritórios e outros edifícios e construções, mesmo que isso seja conveniente para certos grupos de interesse.
Não está em questão o grande contributo que a construção civil teve, nos últimos anos, para o desenvolvimento do nosso País em múltiplas áreas.
O grande futuro da construção civil e da atividade imobiliária deveria ser, prioritariamente, a reabilitação das áreas urbanas degradadas e envelhecidas das grandes cidades do País e nomeadamente Lisboa, Porto e Braga e outras, promovendo habitação moderna e condigna e a preços acessíveis, escritórios e outras utilizações, nessas zonas.
É obvio que tal só será possível com uma política concertada pelo Estado central e pelas autarquias integrando todos os elementos políticos, sociais, culturais, económicos e financeiros duma verdadeira estratégia de desenvolvimento mas que também assegure condições de rentabilidade atrativa para as empresas de construção e imobiliárias.
Pedro Lagido tem 77 anos e vive no bairro há 30. Trabalhou como engenheiro químico e esteve na Assembleia Constituinte. Quer viver plenamente e dar um contributo da sua experiência pessoal e profissional aos filhos e netos e a quem mais possa ser útil.
“Problemas e Oportunidades” reflecte os tempos que vivemos e corresponde à experiência da civilização: a seguir a um problema, surgem oportunidades novas. Publica sobre temas que vão desde a Terceira Idade até aos novos modelos de economia.
Imagem retirada da página do facebook da PACATA – Parque Carnide-Telheiras, Associação Ambiental