Crónicas

Um novo conceito de cidade – Masdar

Problemas e Oportunidades / Fevereiro 21, 2014

Em Abu Dhabi, numa zona desértica, está em construção uma cidade que se pretende seja um exemplo de ecologia e economia de energia, está planeada para albergar 50. 000 residentes e 40.000 outras pessoas, vindas de fora, para trabalhar diariamente. A data que se prevê esteja pronta é 2016.

É óbvio que não é viável transpor este conceito integralmente para uma qualquer cidade existente e para Portugal na situação que se atravessa, mas algumas das ideias, ao menos parcialmente, podem ser úteis para alguns dos problemas das velhas cidades do mundo ocidental.

Alguns dos aspectos mais importantes do projecto são os seguintes:

1. Economia de energia: a cidade consumirá menos 75% de energia do que uma cidade de dimensão comparável e usará 100% de energia renovável. O “mix” das várias formas de energia que serão utilizadas é o seguinte: 52% de energia solar fotovoltaica, 26% em painéis solares; 14% em painéis para aquecimento de águas, 7% em instalações de tratamento de resíduos,1% em energia eólica. Haverá instalações produtoras em grandes áreas (parques) e instalação de tratamento de resíduos e nos telhados dos maiores edifícios. Os grandes edifícios de escritórios e centros comerciais terão paredes de vidro protetor que reflectem a intensidade dos raios solares e deixam passar a luz. No interior de grandes espaços haverá sistemas especiais de renovação de ar e em especial do ar quente que circulará de baixo para cima.

2. Ecologia: não haverá transito de automóveis no interior da cidade e haverá jardins interiores regados com água reciclada dos edifícios e consumindo anidrido carbónico do meio ambiente. A reciclagem de lixos será quási total. A água residual será usada para irrigar quintas para a produção de biocombustíveis. A placa de betão com 6 metros de espessura de suporte da cidade usará enchimento de materiais reciclados e também nas estruturas usar-se- á em larga medida materiais reciclados. A água potável necessária será obtida em unidades de dessalinação por meio de energia solar. Haverá tuneis para peões que manterão a temperatura fresca e darão acesso aos transportes públicos.

3. Transportes públicos: as viaturas ficarão em parques subterrâneos na periferia da cidade a cujo centro só se pode aceder por transporte público, “personal rapid transit” ( PRT ) que consiste em 3000 carros elétricos, que operam com baterias de litío-cádmio recicláveis. As estações estão projectadas de modo que qualquer pessoa não tenha que andar mais de 150 metros. O PRT pode levar 6 passageiros e pode ser conduzido sem paragens ao destino pretendido. Em qualquer estação se pode recarregar a bateria do PRT. A rede de estações cobre toda a área da cidade e podem realizar-se milhares de itinerários.

No projecto e construção participam conceituadas empresas europeias e americanas e seu custo está previsto ser 22 biliões de dólares e ocupará uma área de 6 Km2.

Pedro Lagido