Captar Natureza Primitiva
Filmar vida selvagem é sempre uma experiência incrível. Deslocarmo-nos para o meio da natureza, fora da nossa zona de conforto (literalmente), habituarmo-nos aos sons, cheiros, à forma como a luz fura a folhagem e nos dificulta a visão constantemente. E depois estar à espera dos animais, montar os tripés, andar de joelhos ou de cócoras para filmar as plantinhas e os cogumelos. E andar pela floresta horas a fio com o material às costas, tudo isso é uma empreitada incrível e extremamente enriquecedora. Melhor só mesmo fazê-lo num parque jurássico.
E é isso que é a Ilha do Príncipe, à sua maneira. Dificilmente aterraram lá dinossauros de grandes proporções, apesar de a ilha ter 31 milhões de anos de idade, mas pelo facto de estar a 200 km do continente africano e de nunca ter estado em contacto com este, é pouco provável que tenha tido um T-REX a passear-se por lá.
O que tem é uma quantidade impressionante de endemismos para uma ilha vulcânica. É a única ilha vulcânica do mundo, a par com a vizinha São Tomé, a ter musaranhos endémicos – um pequeno mamífero muito parecido com um rato que tem de se alimentar dezenas de vezes por dia. Tem várias espécies endémicas de anfíbios, que extremamente vulneráveis à água salgada tiveram de atravessar, há milhares ou milhões de anos, o mar do golfo da Guiné para chegarem às praias da ilha, e sobreviverem pelo menos dois e no mesmo período restrito de tempo. As aves endémicas da ilha são confiantes, não têm medo dos seres humanos, devido à falta de predadores do meio em que evoluíram. O Príncipe é de facto um lugar extraordinário para se trabalhar com a Natureza e a vida selvagem.
O documentário que nos propusemos fazer é um projecto ambicioso, e espero que venham a gostar. Para já, apresento-vos o trailer!
http://vimeo.com/77131507
António Castelo















