Crise – Oportunidade para mudança de estilo de vida
O sistema económico mundial dominante baseia-se na necessidade do crescimento contínuo, quando esse crescimento é interrompido, nos períodos de crise, como actualmente, o sistema entra em colapso gerando níveis de desemprego muito elevado e problemas sociais graves. Para vencer a crise todos os apelos vão no sentido do aumento do consumo. Criou-se um “estilo de vida” baseado no apelo aos cidadãos a cada vez maior consumo: automóveis cada vez mais sofisticados, electrodomésticos com mais funções, computadores e software em constante mutação, etc. Claro que “isto tudo” só é possível com “crédito”. Crédito implica dívida numa “espiral sem fim”, para além dos problemas ambientais e de gasto excessivo de recursos naturais. “Tudo isto” até à crise seguinte.
Há que “mudar de estilo de vida”! Mas tal não será fácil e nem será rápido, há muitas resistências e interesses instalados, há custos a pagar também. Os apelos ao “estilo de vida actual” são muitos. O Estado só pensa em aumentar o PIB para aumentar as suas receitas e pagar os gastos de funcionamento e a dívida.
A dívida deveria ser uma alavanca para o investimento de melhoria de capacidades e não pagar consumo e despesas de funcionamento. O desenvolvimento deveria ser equilibrado e não o do lucro imediato; desenvolvimento implica eliminar pobreza e exclusão social.
Deveríamos organizar-nos para um estilo de vida com mais economia de energia nas nossas casas, nos transportes, na vida em geral e uma menor produção de resíduos e sucatas, com menor predominância do modelo “usar e deitar fora”. A tónica deveria ser “consumo de qualidade” e não “consumo de quantidade”.
No tecido económico deveria ser promovido o peso das pequenas unidades produtivas ao serviço das necessidades do cidadão e da economia social sem que isto queira dizer que se despreza a economia de elevada tecnologia e grande volume de investimento, também necessária para o pleno desenvolvimento.
Neste novo estilo de vida o combate à pobreza e exclusão social é de importância crucial.
Pedro Lagido















