Neste tempo de crise… casos mediáticos
Nestes tempos que estamos a viver em que a crise se instalou no Estado e nas consciências das pessoas, a emoção, a indignação, o desacordo estão, por assim dizer, “ à flor da pele” e daí o ter-se assistido, nas últimas semanas, a três casos altamente mediáticos.
1-Eusébio ao Panteão nacional:
A morte do extraordinário jogador de futebol do Benfica e da selecção nacional dos idos anos 60 do século XX originou grande emoção e manifestação popular. No auge desta “ onda”, digamos assim, foi proposto primeiro e depois anúncio na rua, no dia do funeral, que Eusébio fosse transladado ao Panteão. No culminar deste forte ambiente emotivo os partidos políticos logo aceitaram trazer esta reivindicação à Assembleia da República, temendo custos políticos se o não fizessem.
Numa democracia estabilizada e amadurecida exige-se que a lei, referente às personalidades relevantes da vida nacional cujos restos mortais sejam transladadas para o Panteão, seja objectiva permitindo distinguir com justiça, independente das emoções do momento, aqueles cidadãos.
2- As actuais praxes universitárias:
Foi grande o espaço mediático e em especial após a tragédia da Praia do Meco. Já há alguns anos que se observa, no espaço público, a realização de demonstrações de humilhação e tratamento indignos aos designados “caloiros” universitários. Muito foi discutido, nesta ocasião, mas uma realidade parece evidente, é preciso dar aos “ caloiros” universitários, quer pelas autoridades académicas, quer pelos professores universitários, quer pelas associações de estudantes, consciência dos seus direitos e da sua dignidade e da liberdade total de recusar uma praxe, se essa for a sua vontade. Dentro de todo o espaço universitário a autoridade respectiva deve ser exercida.
3- Venda dos quadros Miró que pertenceram ao BPN:
A venda deste património que pertenceu ao BPN e que pela nacionalização do banco passou para o Estado, deveria ter sido conforme à legislação nacional, nesta matéria, com rigor e transparência, deveriam ter sido ouvidas todas as entidades nacionais da Cultura e todos os peritos no assunto. Este caso sucede a um outro em que se deu a saída do País duma importante pintura em condições, também, altamente discutíveis, e era de esperar que as autoridades nacionais estivessem mais atentas. No período de gravíssima crise financeira que vivemos é preciso que os responsáveis nacionais não percam o sentido dos valores e não sejam “curtos de vistas”.
Pedro Lagido
Imagens: www.vice.com, www.publico.pt















