Viver Telheiras

Repensar o Modelo de Estado

Problemas e Oportunidades / Novembro 21, 2013

A presente crise quer nos seus aspectos específicos nacionais quer nos seus aspectos internacionais exige de qualquer cidadão consciente uma profunda reflexão e um contributo de intervenção cívica. Sem querer ser exaustivo e dando uma opinião de simples cidadão refiro os seguintes pontos reflexivos:

Em primeiro lugar, muitos dirigentes altamente qualificados e com grande poder de decisão foram responsáveis por grande parte da enorme crise que se vive e que afecta todos os cidadãos e completamente à margem do Estado Democrático.

Observa-se em segundo lugar que num Estado e numa Sociedade, como a nossa, o modelo está orientado para “ produzir dívida”, com efeito observa-se:

  • a construção civil, não obstante os seus aspectos positivos, absorveu, nos últimos anos, mais de 60% do crédito disponível e deu importante contributo para a dívida e para o deficit externo.
  • grande parte do crédito disponível é também orientado para a compra de automóveis, caros para a maioria dos cidadãos, e de curta vida útil, compra de electrodomésticos de curta vida útil, outro material eletrónico, também de curta vida útil, etc., dando também contributo significativo para o deficit externo e para a dívida.
  • alguns dos grupos económicos mais fortes são, basicamente, importadores. Importamos energia, produtos alimentares e uma grande variedade de matérias primas necessárias.

Em terceiro lugar, o próprio Estado tem mais despesa que receita, e sobretudo endivida-se para pagar consumo e despesas de funcionamento, em vez de criar dívida, sustentável, apenas para o investimento capacitativo.

Em quarto lugar, não se investe, em termos significativos, no desenvolvimento das capacidades nacionais, no combate à pobreza e exclusão social, no desenvolvimento dos recursos humanos e dos recursos naturais próprios.

Em quinto lugar, o Estado é também agente económico, nos transportes, na energia, nos meios de comunicação social, etc., sectores com graves problemas de sustentabilidade.

Em sexto lugar, muitas actividades, muitos lóbis económicos, vivem do Estado.

Em suma, muitos autores têm estudado em profundidade esta matéria, diagnosticando e propondo alternativas, mas em síntese o que precisamos é uma mudança de paradigma:

  • Um Estado catalisador, facilitador, orientador das grandes linhas estratégicas e do desenvolvimento equilibrado, do combate à pobreza e exclusão social, promovendo a justiça e a igualdade de oportunidades, transparente, austero na gestão dos recursos, cumpridor atempado das suas próprias obrigações.
  • Uma economia e uma sociedade civil dinâmicas e interventivas aproveitando ao máximo e desenvolvendo os recursos humanos e materiais nacionais e assumindo os seus próprios riscos e sustentabilidade.

Pedro Lagido

 

Pedro Lagido tem 76 anos e vive no bairro há 30 anos, desde 1 de Julho de 1983. Está mais activamente ligado à ART desde 2002, quando se reformou após uma vida profissional de 40 anos, grande parte dela fora de Lisboa. Esteve quase 3 anos no serviço Militar. Trabalhou como engenheiro químico em várias indústrias e esteve na Assembleia Constituinte, como deputado pelo distrito de Leiria, onde foi, também, membro da Assembleia Municipal de Leiria. A sua motivação é viver plenamente estes anos, participar e dar um contributo da sua experiência pessoal e profissional, não só aos seus filhos e netos, mas a quem mais possa ser útil, e ser um cidadão interessado e participativo na vida da “polis”. A temática que escolheu, ” Problemas e Oportunidades”, tem a ver com os tempos que estamos a viver e corresponde à experiência da civilização, da ciência, da cultura, da indústria,etc. em que, a seguir a um problema, surgem sempre oportunidades novas. Tem em mente publicar, de 15 em 15 dias, sobre alguns temas como: Terceira Idade; Crise e Oportunidades; A energia; Transportes de futuro; Liderança e Iniciativa ; Novos Modelos de economia, etc.

Problemas e Oportunidades / Novembro 21, 2013

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