Aproveitando o 8º Festival de Telheiras, o Parque Hortícola desafia os telheirenses a construírem um espantalho para embelezar este espaço nobre do nosso bairro e proteger as culturas hortícolas dos muitos pássaros que enchem os céus de Telheiras.

“Como é que nós podemos arranjar aqui uma hortinha?”. Não podiam. A pergunta serviu de mote para que Anabela, a hortelã a fazer as honras da casa, explicasse todo o processo: o nascimento do Parque, a atribuição de talhões, as regras de funcionamento.

Finalmente, aprendi a distinguir uma “portuguesa” de uma “galega” e descobri a “chinesa”. Na família, já tenho o estatuto de fornecedora de couves para a Roupa Velha na época natalícia, que orgulho! Qualquer dia ganho coragem e tento fazer um caldo verde…

Uma visita guiada pelos talhões da horta. Anabela Guedes e Maria João Conde fazem as honras da casa. Contam a história do Parque, as regras, o trabalho e a felicidade de ser hortelão na cidade. Pelos caminhos, vão apontando, cheirando e tocando. Hortelã aqui, manjericão ali. “Será mesmo?”. Todos vão experimentando.

Eis como os agricultores do “Grupo da 20”, em seis depoimentos, entusiasmarão qualquer um a tornar-se hortelão citadino.

O interesse pelas hortas urbanas que agora vemos crescer à nossa volta, vai passar de moda? Será um snobismo da população urbana stressada, sonhando um regresso idílico ao campo? Ou é o regresso aos valores rurais e populares tradicionais, o retomar da nossa tradição agrícola, agora num patamar de conhecimentos não apenas de base empírica, mas com mais bases científicas?

Entre a partilha de novidades, o sucesso do Magusto chuvoso, o GEPE (Grupo de Entreajuda para a Procura de Emprego) que está pronto a arrancar e a discussão de próximas actividades conjuntas, a reunião ficou marcada pela forte vontade de prosseguir o trabalho em rede.

Mas a nossa horta mostrou-nos que é muito mais do que a terra que nos dá suados, saudáveis e frescos produtos para a nossa alimentação.

O tempo passa, o espaço muda de funções. Ainda assim, é com muita satisfação que assistimos em Telheiras à repetição de ancestrais práticas do “semear, esperar, regar, esperar, colher saúde”, antes vitais à sobrevivência do físico e hoje, à renovação da mente.